quarta-feira, 7 de julho de 2010
QUEM NOS RELATA SOBRE MELISSA HAMLET
Ele não tem nome.
Parece não se importar com apresentações.
Quando a luz do pequeno quarto acende, nos deparamos com uma parede cheia de quadros, como se fossem janelas penduradas no vazio branco.
Em uma mesa, vários objetos pessoais de Melissa.
Ele aparece.
Olha a mesa.
Encara cada objeto como se fossem gotas de seu próprio sangue.
Vê a flauta.
Pega-a.
Toca uma melodia erudita, que se mistura com um certo rock inglês.
Pára de tocar e te encara, dizendo um trecho do texto de Shakespeare:
"Você gostaria de tocar essa flauta? Por favor: eu estou pedindo.
Você não sabe?
Mas como não?
É tão fácil quanto mentir:
É só tampar estes buracos com as pontas dos dedos e soprar.
Você não sabe? Não consegue?
E que tipo de ser você acha que eu sou?
Querendo arrancar da minha alma as verdades mais graves e os segredos mais agudos?
Por Deus! Você realmente acha que é mais fácil tocar-me do que a uma flauta?
Por mais que tentes, nunca conseguirás tirar qualquer nota deste instrumento:
eu jamais tocarei minha música para ti!"
E, sem mais nem menos, prossegue, enquanto evita seus olhos, sabendo-se vitima do seu olhar:
"Eu sei o que você deseja. Eu sei o que você quer ouvir.
Mas pra quê você quer saber?
Você acha que ouvir falar sobre uma pessoa por alguns minutos vai te dar a compreensão total de sua existência?
Não vai.
Sinto muito, mas não vai.
Uma peça de teatro não pode definir uma vida.
Nem uma música, nem um livro, nem um filme.
A vida é um artigo indefinido. Mas não se preocupe: você não perdeu viagem."
Só então ele te olha novamente, ele te encara como se pudesse,
ao menos por um pouco mais que quarenta minutos,
lhe ofertar um pouco de verdade:
"Eu preciso mesmo falar sobre Melissa. Eu preciso me sentir vivo!"
A luz se apaga novamente.
Quando acender, você estará em uma viagem sem retorno pelas profundezas da alma de Melissa Hamlet. Agarre-se ao seu guia.
Sua saída deste universo pode depender dele!...
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Este vai ser diferente até porque será multimidia: vozes, imagens, sentidos explorados no limite. Vamos ver o que vai acontecer! Obrigado pela presença!
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