terça-feira, 9 de novembro de 2010

MELISSA HAMLET POR ROHAG




A artista RohAg escreveu um belo texto após ler "Melissa Hamlet". Ela continua sua série gráfica baseada na peça. Parceira de criação em outros vôos artisticos, esta menina está elevando meu nivel de criação artisticas de forma inédita!
Leiam sua escrita:

From: rob

To: claud

Subject: olássss... ^^

Date: Sun, 7 Nov 2010 13:54:25 -0200




Cretinoo... Canalhaa... infeliz!!


..


..


.


.


.


.


.


.


..


.


.


.


.


..... Você me fez sorrir , com um êxtase incontrolável...


.


.


.


.


.


.


.


.


.


.... um minuto depois... me fez chorar.. com uma dor profunda na alma..


.


.


.


.


.






..... ri e chorei por Melissa.. eu finalmente terminei de ler o roteiro de Melissa Hamlet


.


... rsrsrs, eu adorei a história, e vc me surpreendeu mais uma vez... rsrsrs


meninoo... como eu gostaria de estar presente no dia da sua apresentação...


só de ler eu fiquei impressionada...


parabéns!! ^^

nossa eu nem me lembrava de alguns trechos sobre hamlet... preciso reler a história o quanto antes... rsrsr


poxa ... acho que ele faz uma bela descrição de uma mulher ao falar de ofélia...


inocência e vulgaridade... hummm..


me identifiquei com a descrição... rsrsrs
vc é incrível.... também quero continuar mantendo contato com vc...

com o seu trabalho... te admiro demais amor^^

em breve vou postar no blog.. meus trabalhos para melissa hamlet...

o meu "ensaio para a loucura"

se tiver mesmo aquela prévia em novembro, agora né... rsrs

me avisa, por favor, a data

eu estou em ponto de erupção por aqui ^^

bjs!!!!

te amooo!! e até breve...

MAIS SOBRE O TRABALHO DE ROHAG:  http:// rohagostinho.blogspot.com
 
 

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

MELISSA HAMLET VOLTA EM NOVEMBRO

O espetáculo MELISSA HAMLET ficará em cartaz em novembro no Espaço das Criações Artisticas juntamente com a exposição "Memórias de Melissa Hamlet" com imagens de Claudemir Santos e RohAg.

MELISSA HAMLET
com Claudemir Santos & Anita Abrantes.
de 19/11 a 10/12 - sextas feiras às 20h30
ESPAÇO DAS CRIAÇÕES ARTISTICAS
Rua Julião Pereira Machado, 07
São Miguel Paulista.

EXPOSIÇÃO "MEMÓRIAS DE MELISSA HAMLET"
datas e horários a confirmar

terça-feira, 19 de outubro de 2010

MELISSA APÓS A ESTRÉIA

15
10
10
20h
17m
Melissa estréia.
Poucos no público.
Pouco, mas valiosos.
Marcos Antonyo, acompanhado por Rosani.
Alexandre D'Lou.
Akira Yamasaki.
Sueli Kimura.
Wagner Novaes, um aluno de tempos passado.
Inscritos para a apresentação.
Tremo de medo.
Meu primeiro monólogo.
Anita passa a faixa 02.
A canção instrumental do Cocteau Twins invade o espaço da Luiz Gonzaga.
A peça começa.

Após o espetáculo, um bate papo amigável e inteligente com a platéia.
Marcos me questiona sobre as dificuldades de um "ator".
Marcos é um excelente ator. Eu, um mero diretor me aventurando sozinho na estrada da minha criação.
Provando um pouco do meu próprio veneno.
Dificil.
Mas agora Melissa está aí.
Ela volta em  novembro, em pelo menos mais quatro ou cinco apresentações.
Aguardem...

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

VÉSPERA DA ESTRÉIA

14 10 10
02h30
U2 canta Lou Reed.
Acabei de me entupir de amendoins.
Hoje não teve quebra e, no ensaio, briguei com Anita injustamente.
Ela não mereceu: tem se esforçado muito para este espetáculo acontecer.
Tem sido, amiga, companheira,  tudo o que for necessário
para MELISSA HAMLET acontecer.
E eu fui tosco e grosso. Tá bom: eu sempre sou, mas desta vez acho que ultrapassei o limite, sem motivo.
Desculpa, amor. Estréias me deixam tenso. E há tempos não me deixavam.
Mas sou eu no palco agora, e eu não sou um dos melhores atores do mundo.

02h44
Insegurança.
O texto está entendido, e não decorado, memorizado. A peça se passa toda em minha mente em flashs rapidos. Sei de tudo do começo ao fim. Mas as palavras... As palavras....
No entanto, neste feriado prolongado, entre o aniversário do Ivan, Tropa de Elite 2 na sessão das dez no cine Marabá, pintei e enquadrei mais de trinta telas que compõe o cenário de Melissa.
Estão lindos.
Hoje, as 18h, gravaremos novamente a voz de Anita. Ela não gostou do resultado.

02h47
O marlboro vermelho queima entre os dedos. Comi besteira ao invés de almoçar (sim, seria almoço se eu comesse agora, e não janta!!!) mais uma vez. Encontrei Rohag no msn. Conversamos amistosa e apaixonadamente por um bom tempo. Ela me enviou suas novas criações para Melissa. "Espero que não seja tarde demais", escreveu.
Garota incrivel! Adoro esta pequena notável!
 
02h51
Preciso dormir. Antes, mais uma leitura do texto que sei de cor e mesmo assim não decorei. A peça estréia em um pouco mais de 24h. Tudo acontece ao meu tempo e deixa meu tempo escasso não importa. Estar preparado é tudo, não é mesmo?
Eu espero que seja.
Adiciono as novas criações de Rohag. Como é bom tê-la por perto! Obrigado, doce amiga!
Hora de dormir. O cinzeiro está limpo e o corpo pede descanso.
Amanhã será cansativo. Mas não posso pensar nisto agora.
Por mais uma vez admiro as criações de Rohag.
Agora, me preparo para desligar o computador.







Boa noite a todos.
Até sexta feira.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

HAMLET EXPERIENCE - MINHAS IDAS E VINDAS COM O PERSONAGEM DE SHAKESPEARE NO TEATRO











Vi algumas  versões de "Hamlet" no teatro e me aventurei a uma montagem.
A primeira vez que vi a peça foi numa conclusão de curso na Escola de Teatro Macunaíma. Estudantes. Sob a direção de Adriano Cypriano, vi três garotas interpretando o personagem. Boa parte do texto ou era vomitado ou era recitado. Mas não se podia exigir muito de pessoas que começavam a engatinhar no palco. Se não me engano, estava ali por conta de Maristela Guimarães, uma loira excepcionalmente gostosa que integrava o AD naquela época. Fomos em uma boa turma; o grupo quase todo na época, eu acho. Possivelmente Simone Melo, Cylene Santos, Roberto Santhos e Marcelo San Geres.
De qualquer forma, foi uma novidade para todos - lembro que voltamos lá e assistimos "Casa de Bonecas", de Ibsen, uma montagem bem melhor.

Anos depois, em 2001, nos aventuramos a montar "Hamlet" em São Miguel. Boa parte do elenco eram alunos de um curso que eu havia ministrado na oficina cultural Luiz Gonzaga: Débora Rodrigues (hoje Santana), Kátia "Gradino" Aires, Rudney Morales, Ana Paula S Carlos e Wesley Moreira. Também estavam no elenco eu, como rei Cláudio e Ivan Neris, como um dos Hamlets. O outro era interpretado por Débora: eu dividi o personagem em anima e animus graças aos primeiros contatos com a psicanálise de Carl Gustav Jung.
O espetáculo ainda teve a participação especial de Alexandre Santo e Rodrigo S C Figueira: a Cia. Realúdica,  que interpretou os atores. Danila Rodrigues fez a operação técnica e, na produção, havia Marcos Antonyo e Patricia Maria (eu não me lembro realmente porque eles não estavam no espetáculo) e Marcelo San Geres assinou o cenário.

De qualquer forma, a estréia foi um desastre sem ritmo. Eu fiquei muito insatisfeito com esta montagem. Cheguei a me desentender com algumas pessoas do elenco e o espetáculo teve apenas cinco ou seis apresentações - melhores que a estréia, graças a Deus.

Eu só percebi que a montagem não estava tão ruim assim quando assisti a versão de Francisco Medeiros no Sesi da Paulista. A dele estava pior que a nossa. Fiquei aliviado. O Teatro Popular do Sesi realizou a montagem um ano depois de nós, em 2002, e eu fiquei muito feliz. Nem tive coragem de assistir a "Romeu e Julieta", que estava em cartaz na mesma época - quem viu disse que estava melhor que "Hamlet".

Há três montagens que não vi: a de Ulysses Cruz,  no Sérgio Cardoso - lamentei não ter grana na época pra ver o trabalho de um dos meus diretores preferidos!; a de Diogo  Vilela no teatro Alfa (2001?) - também não fiz questão de ver!. e, a mais recente de todas, a de Wagner Moura - esta eu também queria ver, mas setenta mangos pra quem não tava nem conseguindo pagar a faculdade direito ia ser foda!

Agora, em dez dias, levo aos palcos MELISSA HAMLET. Está quase tudo pronto. Trabalhar sozinho é solitário e interessante. A criação faz muito sentido em minha mente. Veremos se, à mente do público, transparecerá todo o desafio que o texto de Shakespeare significou para Melissa Travassos.

Aguardemos então a contagem regressiva....

sábado, 2 de outubro de 2010

MELISSA HAMLET NA OFICINA CULTURAL LUIZ GONZAGA: INSCRIÇÕES ABERTAS A PARTIR DE 04/10

VERSÃO 01
Área: Teatro

Nome da Atividade: Pocket Show “Melissa Hamlet” e Aula Aberta - Criação Artística
Coordenador: Claudemir Santos
Período de Realização: 15/10 - sexta-feira - Apresentação: 18h45 às 19h45 - Aula Aberta: 19h45 às 21h45
Público: Apresentação: Interessados em geral
Faixa Etária: Adolescentes e adultos
Seleção: Primeiros inscritos
Inscrições: 4/10 a 15/10
Vagas: 30
Local: Sede
Sinopse e currículo:
Melissa é uma atriz que está interpretando Hamlet. Durante a montagem, ela enfrenta seus dramas pessoais e confunde a própria personalidade com a do personagem de Shakespeare. Ela precisa se encontrar antes do fim da temporada – pois quando a cortina se fechar pela última vez, apenas ela ou Hamlet sairá do palco em direção à vida real. A aula aberta “Criação Artística Para Atores” proporcionará ao participante conhecimento de técnicas para elaboração, criação e representação de um personagem de forma criativa e diferenciada.
Claudemir Santos é ator, roteirista, diretor teatral e também atua nas áreas de artes visuais e música

VERSÃO 2
Pocket Show “Melissa Hamlet” e Aula Aberta - Criação Artística

Pocket Show: 15/10 – sexta – 18h45 às 19h45
Aula Aberta: 15/10 – sexta – 19h45 às 21h45
Coordenação: Claudemir Santos
Adolescentes e adultos, iniciantes
Seleção: primeiros inscritos
Inscrições: 4/10 a 15/10. Vagas: 30 (apresentação) e 15 (oficina)


site:
http://www.oficinasculturais.org.br/programacao/capital-2sem2010/luiz-gonzaga.php

terça-feira, 28 de setembro de 2010

MELISSA HAMLET POR ROBERTA AGOSTINHO


Há pessoas essenciais para nossa criação artistica. Parcerias inevitáveis. Ela é um bom exemplo disso em minha vida. Conheci Roberta Agostinho na universidade e sua obra me encantou de maneira muito forte por ecoar em minha alma sentimentos que raramente uma arte visual consegue. A menina fascina minha alma, sem dúvida.
Nas últimas semanas estamos num dueto criativo muito intenso, numa paixão artistica e humana avassaladora que possivelmente resultará em Artes muito belas - mas não estou aqui para falar disso.
Em nossas longas conversas, ela comentou sobre meu trabalho gráfico para Melissa Hamlet. Ela gostou, mas comentou que as imagens estavam muito claras, que ela usaria tons mais obscuros, sombrios: uma possivel escuridão em torno da alma de Melissa, escuridão tão profunda que ela não reconhece a própria alma ou a alma de Hamlet. Não deu outra; a convidei para criar ao menos o cartaz da peça. Ontem, ela me enviou alguns estudos e ensaios gráficos - os quais ainda não tenho autorização para postar.
No entanto, observando a foto acima, é possivel imaginar o que surgirá daquele olhar: algo inimaginável.
Dividir universos com Rohag é me completar de alguma maneira. Sua visão de mundo parece me traduzir às vezes, sua escrita me esclarece muito sobre a alma e seu espirito e paixões sabem muito bem ecoar através das tintas, das objetivas e dos teclados que ela toca.
Exagerando, eu? Talvez. Mas vocês terão chance de mergulhar na alma desta jovem artista em breve!

domingo, 26 de setembro de 2010

DATA DE ESTRÉIA DEFINIDA: 15 10 10

A Oficina Cultural Luiz Gonzaga confirmou a data de apresentação de MELISSA HAMLET: 15 de Outubro. Com suas atividades paralisadas desde Agosto, o órgão passa a ser administrado por outra Organização Social. A anterior, ASSAOC, não tem mais o controle das oficinas culturais do Estado. Parte da programação que ocorreria entre Agosto e Outubro terão inicio em Outubro e, entre elas, o que eles chamam de "Pocket Show": a apresentação de MELISSA HAMLET seguida de uma aula aberta com Claudemir Santos no dia 15 de Outubro de 2010 das 19h as 22h.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

ESTRÉIA DE MELISSA HAMLET ADIADA

Devido à crise na Secretaria Estadual de Cultura, na pasta que diz respeito às oficinas cuturais do Estado de São Paulo, "Melissa Hamlet" tem sua estréia adiada.
Contratado pela Oficina Cultural Luiz Gonzaga em Abril deste ano, sendo incluido na programação de Agosto para realizar um pequeno espetáculo solo (detesto o termo usado: pocket show) seguido de workshop (ou aula aberta); me vi criando "Melissa Hamlet" para a ocasião. A criação do espetáculo,  este blog e o  workshop em questão são componentes do mesmo processo artístico que pretende discutir a criação artistica do ator..
Com o impasse da administração após a saída da Assaoc, o espetáculo fica teoricamente adiado. Escrevo "teoricamente" porque, de fato, não sabemos o que pode acontecer. Independente disto, o espetáculo está obtendo uma ótima qualidade e estará em cartaz em brevre.

Fico no aguardo da data, enquanto o processo de criação segue.

Abaixo, os novos quadros da série "memórias de Melissa Hamlet" que compõe o cenário da peça.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

HABITOS NOTURNOS: CRIANDO UM ESPETÁCULO TEATRAL

01h11.
Cueca, camiseta com a custom da Dafra estampada. Na xícara de porcelana, leite com café instantaneo. Muito café. Nada de cigarros. Nos ouvidos, o pagodinho do Zeca. "Verdade...". Tomo um gole do café. Não posso dormir.
Trabalho muito e ganho pouco como todo o bom brasileiro mediano. Anita diz que faço coisas demais. E poderia ser diferente? Algumas coisas fazemos para sobreviver, pagar as contas, aliviar as frustações. Outras, fazemos porque é impossivel não fazê-las. Não fazer certas coisas é o mesmo que estarmos mortos. E antes a morte do que a domesticação, como diz um texto sobre Luther Blisset. Eu sigo. No CEU em que trabalho, "O despertar de Alice" e "A bela e a Fera" com as crianças. No Objetivo, aulas profundas e bem estruturadas (de fato seu método de ensino é muito bom!). No AD, a preocupação com a formação dos novos integrantes, os entraves burocráticos de "Drácula", o curta do D'Lou "Voou livre", a volta de "Medéia" e a necessidade de um espaço próprio custe o que custar. Além disso, as aulas de música (flauta, canto e teoria musical: Cinthia Onofre dá conta do recado com simpatia, inteligencia, conhecimento e bom humor), as aulas de sapateado (preciso voltar semana que vem e não parar mais de ir!), os lances da faculdade, uma namorada que necessita de atenção, uma cadela no quintal com dois lindos filhotinhos que precisarão de um lar em breve, as contas ,as dividas, minhas canções, "Dante" com Brisa Huami, "Soldado Jesus" com Ivan Neris, "Frankenstein" depois de Drácula? Quem sabe?",  músicas para o G.R.A.Ve, rever amigos como Márcio Soares, Marcelo San, Alexandre Tavares, dívidas e pouca grana, o dente que precisa ser tratado  novamente...  Deus! E a cabeça não explode por pouco!

Hoje, em poucos minutos, começo a conclusão da sonoplastia do espetáculo. Fizemos um ensaio muito produtivo na quarta feira, e antes da estréia teremos mais três ou quatro ensaios. Serão menos de dez anes da apresentação.
É estranho estar dos dois lados: dirigindo a mim mesmo, descubro um ator paciente, pois volto as cenas seis sete vezes a procura de algo que ainda não encontrei, e vejo o universo de Melissa refletido nas ruas, nas pessoas, nos sonhos que passam diante dos olhos e explodem no chão quando caímos. Vai soar pretensioso, mas adoro meu trabalho. Acho que ele tem tanto a dizer - principalmente pra mim. O que será que os outros pensam sobre isto? Outro dia Sueli Kimura criticou estes atores que "mergulham" em personagens de forma perigosa e irresponsável. Concordo com ela. Melissa foi uma menina que caiu nesta. Durante minha formação, em cursos que participei, cansei de ver atores brincando de psicólogos e pirando estudantes, mergulhando em suas mentes como se tivessem este direito. horrível! Não pensamos teatro assim! Outro dia, conversando com um colega de profissão, ele disse que uma certa amiga que estudou no Teatro de Arte de Moscou disse-lhe que o livro de Eugenio Kusnet está mais próximo da verdade de Stanislavsky do que as traduções que chegaram a nós - estas foram traduzidas do inglês para o português e não do russo. Vocês já pensaram nisto, crianças?

Seja como for, "Melissa Hamlet" está se tornando um belo espetáculo, e eu espero que ele tenha uma bela vida longa. Estar no palco em um espetáculo solo é tomar uma dose do meu próprio veneno, é entender melhor os atores colaboradores que se entregam ao método de trabalho do Alucinógeno Dramático. É bem diferente, apesar de não ser nada novo. É apenas uma nova proposta de  ordem das velhas coisas. Não acredito no novo: acredito em novos olhares sobre as coisas.
Enfim, hora de trabalhar.
Vou trocar Zeca Pagodinho por música erudita, bandas inglesas, Adoniran Barbosa, sons e efeitos. Possivelmente vou dormir lá pras quatro da manhã, acordar atrasado para trabalhar e me sentir muito feliz com tudo isso.
É muito bom ter como ofício algo que amamos de verdade.
Tentem um dia.
A vida é muita curta para realizarmos apenas o que é necessário.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

O CENÁRIO POP SOMBRIO E NOSTÁLGICO PARA MELISSA HAMLET

Nos últimos dias, além dos ensaios onde eu e Anita Abrantes estamos descobrindo coisas sobre Melissa que não sabiámos, também me dediquei à criação do cenário do espetáculo. A parede do fundo será uma grande galeria cheia de quadros em planos diferentes, em tons sépia e azul, passeando por uma boa gama em suas escalas. O tema será a vida e morte de Melissa representados por seu corpo e sua obsessão shakespeareana simbolizada, evidentemente, pelo o simbolo supremo de Hamlet: o crânio. Estilizado, pop, lembrando Andy Warhol - influência inegável no meu trabalho gráfico, mas também com influências do universo trágico de Francisco Brennand sobretudo nas cores. Estou trabalhando com giz pastel oleoso, giz de cêra escolar, canetinhas e ecoline. Os resultados estão ficando interessantes e atrativos. É gratificante criar um universo como este. Anita Abrantes tem sido uma colaboradora fantástica durante todo o processo. Compreensiva, generosa e dedicada, ela muito me inspira em tudo isto. Estamos a poucos dias da apresentação e corremos contra o relógio, mas não há estresse; há apenas o destino de Melissa em nossas mãos - e isto não é pouco, eu sei, mas é mágico demais para sentirmos a pressão do tempo!

sexta-feira, 30 de julho de 2010

A IMAGEM SONORA DE MELISSA HAMLET


30 07 10 - 04h52. Estou criando a trilha para o espetáculo neste momento.

A identificação sonora vem antes de tudo em minha mente e, quanto mais próxima do cinema, melhor. As pessoas estão tão acostumadas à trilha sonora do cinema que o som pode traduzir de imediato o signo lançado no ar através da imagem e do gesto. A trilha inclui também, de repente, o silêncio, a respiração, o pisar no chão, o baque  seco, o grito inesperado, a fala atenuada. Trilha sonora = todos os sons do espetáculo.

O som natural é descoberto na leitura, nos ensaios. Um som vivo, visceral, sem a interferência mecânica.

O som mecânico eu escolho e edito aqui neste bom e velho computador. Uma benção.

Nos primórdios, eu criava utilizando fitas cassetes, sobrepondo músicas, interferindo na velocidade da canção, rodando o disco pra trás. Os resultados eram bons também, mas a tecnologia ajuda bastante e deixa tudo mais limpo e próximo do som imaginado.

Semana que vem gravarei as vozes dos personagens. Além de Anita Abrantes dando voz à Melissa, convidarei Marcio Leandro "Sabbath" e mais uma garota para fazer a voz de dois personagens. Alexandre D'Lou realizará a captação com seu equipamento e depois editarei conforme minhas necessidades.

Esta trilha sonora será bem diferente das demais. As nuances psicóticas da personagem transformadas em sons deverá ser algo bem interessante.

Bom, amigos, com licença. Preciso concentrar minha atenção.

NOTA:
A música "Heroes", do David Bowie foi uma das minhas escolhidas. No "Hamlet" moderno de Almeyreda, ele também utiliza a canção no thriller do filme. Eu ainda não sei como me apropriarei da  mesma...

segunda-feira, 26 de julho de 2010

ROTEIRO CONCLUIDO, TRECHO DO MESMO E REFLEXÕES A PARTIR DE DALGALARRONDO


“Rigorosamente, todas estas noticias são desnecessárias para a compreensão da minha aventura; mas é um modo de ir dizendo alguma coisa, antes de entrar em matéria, para a qual não acho porta grande nem pequena; o melhor é afrouxar a rédea à pena, e ela que vá andando, até achar a entrada. Há de haver alguma; tudo depende das circunstancias, regras que tanto serve para o estilo como para a vida; palavra puxa palavra, uma idéia traz outra, e assim se faz um livro, um governo, uma revolução; alguns dizem mesmo que assim é que a natureza compôs as suas espécies.”

(Machado de Assis, Primas Sapucaia, Históriaas sem data, 1884)

Terminei de escrever Melissa. Na verdade, terminei dia 20. Hoje, digamos, foi a arte final. Iniciei em 14 de Abril. No meio do caminho, universidade, Drácula, aulas em escolas diversas, namoro, amigos, casa. Um inferno, a vida. Mas estou satisfeito com o resultado: sete páginas bem equilibradas, prontas para ganhar vida nos palcos. Agora sim começa do desafio. Ouço Cocteau Twins enquanto escrevo, preparando-me, na verdade, para criar a trilha sonora a partir da música pop inglesa dos anos 80, do rock nacional, de efeitos diversos e outras fontes sonoras incidentais.

A leitura do livro de Dalgalarrondo (Psicopatologia e Semiologia dos transtornos mentais). Em certa passagem do livro, ele cita:

“(...) merece uma palavra o uso que fiz, um tanto abusivo, de poemas, citações e trechos literários. O lugar estrategicamente fundamental da arte como fonte de conhecimento psicopatológico já foi vislumbrado e bem descrito por Freud:



‘Poetas e romancistas são nossos preciosos aliados, e seu testemunho deve ser altamente estimulado, pois eles conhecem muitas coisas entre o céu e a terra com que nossa sabedoria escolar não poderia ainda sonhar. Nossos mestres conhecem a psique porque se abeberam em fontes que nós, homens comuns, ainda não tornamos acessíveis à ciência” (O delírio e o sonho na Gradiva de Jensen, 1906)’



“Assim, aproprio-me da formulação freudiana, reconhecendo que o artista percebe antes e mais profundamente do que o cientista; este último organiza melhor, cria sistemas, hierarquias, enfim, ‘arma’ uma lógica para natureza. Mas é do grande artista o privilégio da percepção mais fina, mais profunda e contundente, daquilo que se passa no interior do homem, suas misérias e grandezas.” (pág. XIII)

Cito-o aqui por dois motivos. Primeiro, porque estou adorando o livro: escrito por um cara que é doutor em medicina pela universidade de Heidelberg, sua literatura é simples e acessível a todos os níveis mentais que se proponham a conhecer melhor o universo mental do ser humano. O segundo motivo é que meu dilema artístico encontra espelho na frase acima: o cientista organiza melhor e cria sistemas enquanto o artista tem a percepção apurada do ser. Ora, por que não termos domínio sobre os sistemas científicos associados à nossa percepção apurada? É isto que busco. Acredito que esta era a estrada de Stanislavsky que sigo há anos. Para mim, o ator tem algo de extraordinário, um espírito não apenas afinado, criativo e criador; mas também um faro apurado para investigações do corpo, da alma e da mente, seja no social ou no psicológico. Vários caminhos para se aprofundar na alma e interpretar uma vida. Requer paciência, compreensão e crescimento pessoal. Uma arte marcial honrada. Um kung Fu que deixa o mestre melhor conforme ele envelhece e aprende. Algo maior que a própria vida, interrompido apenas pela morte. A Arte, enfim.

Bom, é hora de dormir. Deixo a vocês a indicação ao livro de Dalgalarrondo, que é fantástico. E também deixo trecho do roteiro de Melissa, para que vocês possam dar os primeiros passos da criação artísticas do espetáculo comigo. Boa leitura a todos!

M E L I S S A  H A M L E T : A  Q U E S T Ã O  S H A K E S P E A R E
“Hamlet” escrito por Shakespeare. Melissa Hamlet criado por Claudemir Santos.



CENA 01 – TOCANDO A FLAUTA
(BLACKOUT)
MELISSA (gravação com eco)
Pára, ilusão! Se tens o dom da voz, fala comigo! Se eu posso fazer algo que traga paz à sua alma e salvação para a minha, fala comigo! Se sabes de algum mal que desgraçará tua pátria e pode ser evitado, me fala! Se escondeu algum tesouro em vida e ele te tortura após a morte, me fala! (Um galo canta.) Pára e fala! Pára e fala!...
(Música. Luz. BELLOTO entra. Observa objetos na mesa. Pega a flauta e a toca).



BELLOTO
Você quer tocar essa flauta pra mim?  Não sabes? Ah, por favor! É tão fácil quanto mentir: É só tampar estes buracos com as pontas dos dedos e soprar. Você não sabe? E o que você acha que eu sou, querendo arrancar da minha alma minhas verdades mais graves e meus segredos mais agudos? Achas que sou mais fácil de tocar do que a uma flauta?
Eu sei o que você deseja. Eu sei o que você quer ouvir. Mas pra quê você quer saber? Você acha que ouvir falar sobre uma pessoa por alguns minutos vai te dar a compreensão total de sua existência? Não vai. Sinto muito, mas não vai. Uma peça de teatro, uma música, um livro ou um filme não podem definir uma vida. Mas não se preocupe: você não perdeu viagem. Eu preciso mesmo falar sobre Melissa. Eu preciso me sentir vivo!
(BLACKOUT. Dois faróis acesos. Um carro na noite. Dialogo gravado).



BELLOTO
Radial Leste, sentido centro. Melissas dirige pensando na morte dentro da vida. Pensando em Shakespeare na sua carreira. Ela acende um Marlboro vermelho.
MELISSA
Vivemos em tempos estranhos, Belloto.

BELLOTO
Ela diz.
MELISSA
Mas isto não importa, querido. O que importa realmente é que eu passe no teste. E eu vou passar, sabe por que? Porque estou preparada, e estar preparada é tudo!
(O carro pára. BLACKOUT. Radio desligado. Portas do carro se fechando).

CENA 02 – A AUDIÇÃO
(Sons de pessoas conversando. Luz. Diretor entra).



DIRETOR
Bem vindos aos testes para Hamlet. Quem representar o rei será bem vindo; o cavaleiro usará sua espada; o amante não irá suspirar sem motivo; o fresco terá paz; o bobo fará rir; as mulheres terão suas falas e o verso não será mutilado. Comecemos.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

EM BUSCA DA LOUCURA DE MELISSA

"Vosso nobre filho está louco.
Chamo-o de louco porque,
como  definir a loucura real,
se não classificando alguém
como real / mente louco?"
(Polonio para Rei e Rainha. Cena 2. Ato 2)



Desde o inicio da criação do espetáculo, o mote central foi a loucura de Melissa: dedicar-se ao personagem ao ponto de perder a própria personalidade para sempre. Agora que o texto está criado, busco coerência cientifica para seu caso patológico.
Percebam que faço um caminho inverso aqui: primeiro eu criei o texto, deixei a imaginação trilhar os caminhos da loucura da personagem sem me preocupar com o certo ou o errado - afinal, na criação não há erro; não podemos criar com a autocritica nos punindo ou com a critica alheia limitando nossos vôos de criação. Agora, uma vez o texto criado, busco melhorar sua coerência e sua substância. Poderia também ter feito o caminho inverso, como muitas vezes já fiz: primeiro pesquisar para depois criar. Também é válido, por que não? Ou voar livre, apenas criar como também muito já fiz. O fato é que a criação não tem um caminho apenas, e precisamos tomar aquele que mais nos seduz no momento para que a Arte possa surgir.

Para classificar a loucura de Melissa, tenho tido conversas rápidas mas muito orientadoras com a psicóloga Sueli de Oliveira. À primeira vista, ela relacionou o histórico clinico da personagem com o falso self de Winnicott, sobre o qual iniciei uma pesquisa. Além de citar este pensador, ela também  emprestou o livro "Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais", de Paulo Dalgalarrondo (Ed. Artmed, 2000) para que eu possa localizar sintomas e ajudá-la na triagem e histórico clinico de Melissa.

Uma coisa eu garanto: a loucura de Melissa deixará muita gente de boa aberta e alma trêmula: vocês nem imaginam onde a obsessão por um personagem pode levar uma garota...

segunda-feira, 19 de julho de 2010

MELISSA HAMLET FARÁ PARTE DOS CONTOS DE BELLOTO


O narrador de Melissa Hamlet será Neyson Belloto.
Belloto tem um arco de contos inusitados onde pessoas ordinárias vivem situações extraordinárias. Para quem não conhece o personagem, vale a pena visitar o blog e conhecê-lo. Para quem já o conhece, sabe que tipos de emoções e reviravoltas aguardam o público de Melissa Hamlet.

O texto já está concluido e a montagem inicia-se.

Aguardem noticias.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

ALYNE GARROTI: ETERNA MUSA VISUAL


Conheci Alyne via internet.
Na verdade só nos conhecemos assim.
E por telefone.
Sou eternamente apaixonado por ela.
Quero casar com ela um dia.
Nesta vida, ainda. Então em outra, não importa.
Alyne chegou na minha vida graças a um interesse comum por literatura. Quando não, estava eu enviando meus contos para ela, enquanto ela me enviava os seus.
Trocamos telefone. Conversamos. E muito. Alyne sabe coisas da minha vida pessoal que amigos mais próximos não sabem. Orientou-me em casos amorosos. Pediu orientação. Me alegrou com sua risada gostosa e seus assuntos intrigantes e inteligentes. Ressuscitou Neyson Belloto inspirando a personagem Helena, em um arco fantástico do personagem. Alyne me inspira.
Sempre que penso cartazes, capas e afins, sua imagem feminina me vem à cabeça. Nessa imagem eu identifico uma beleza feminina incomum e um inteligência rara no olhar. Se Melissa Hamlet existisse, seria bela assim, sem dúvida, e tão inteligente quanto.
Alyne sentiu-se lisonjeada por criar a partir de suas imagens. Apesar da distância e do tempo, Alyne é uma amizade sempre presente em minha mente, com gosto de eternidade.
Te Amo, Alyne: um dia vou casar com você. Nesta vida. Ou em outra.

terça-feira, 13 de julho de 2010

ANITA ABRANTES SERÁ A VOZ DE MELISSA

Anita Abrantes será a voz de Melissa Hamlet. Ingressa no Alucinógeno Dramático em 2009, a  participante do Processo Artistico Drácula  teve um excelente desempenho como atriz  em Drácula, interpretando Renfield e Quincey,  ganhando elogios de vários espectadores - e artistas. Anita também assinará a operação técnica do espetáculo, além de ter algumas imagens cênicas baseadas em seu corpo.

HAMLET NO CINEMA


Há várias adaptações de Hamlet para o cinema, direta ou indiretamente.

Das diretas, tive contato com quatro.

A melhor delas, ao meu ver, é a de Kenneth Branagh (1996). As quatro horas de filme vemos emoções à flor da pele. Esqueça a declamação monótona e as cenas medievais. Este Hamlet está séculos à frente, em um palácio que, diante da entrada, tem a estátua do amado rei Hamlet. Soldados e Cortesãos  de todas as cores e raças e nacionalidades;  várias gerações artisticas: o método Stanislavsky e o shakesperiano no mesmo palco;  atores fantásticos: Derek Jacobi, Gerard Depardieu, Robin Willians, Charlton Heston, Billie Crystal, Jack Lemmon, Kate Winslet e o próprio Branagh de Hamlet (após tê-lo interpretado 301 nos palcos teatrais).

Logo após, o famoso Hamlet de Laurence Olivier, de 1948. Um filme sombrio, com interpretações marcantes e um tanto teatrais. Li certa feita na revista SET que Branagh foi perguntar a Olivier como fazer Hamlet, ao que Olivier respondeu "leia o texto; está tudo lá." Verdade ou não, Branagh fez um Hamlet melhor que Olivier, mas não ofuscou nenhum pouco o brilho deste filme fantástico em preto e branco, com Jean Simmons, Basil Sydney, Eileen Herlie e, detalhe importante para um amante dos filmes da Hammer como eu, o lendário Peter Cushing como Osric.

O primeiro Hamlet que assisti não foi outro senão o de Zeffirelli (1990)  com Mel Gibson, Gleen Close, Helena Bohan Carter, Ian Holm. Pra quem gosta de Zeffirelli e suas adaptações shakespeareanas, é um prato cheio. Eu não sou lá muito chegado - apesar que os extras são bem interessantes para quem se aventura por esta adaptação, seja nos palcos ou nas telas.

Mais recentemente - mas nem tão recentemente assim: ano 2000 - O diretor Michael Almereyda realizou um Hamlet moderno, estudante de cinema, que anda com uma câmera pra lá e pra cá na pele do Ethan Hawke. Apesar do elenco com nomes como Sam Shepard e Bill Murray, o filme é um tanto fraco ou atual demais. Com menos de duas horas e filmado praticamente dentro de um edificio - Corporação Dinamarca, que tem seu presidente Hamlet assassinado e seu irmão Claudio toma conta da empresa e a cunhada - o filme vale pela curiosidade da adaptação.

Todos os Hamlets foram lançados em VHS e DVD no Brasil, exceto o de Branagh, que saiu apenas em VHS - mas é evidente que ele está na rede para quem desejar tê-lo, baixá-lo e coisas assim. O que de certa forma é uma pena: adoraria ter  contato com o making of desta maravilha de pelicula.

Agora, pasmem!!! Segundo o site  de cinema Rapadura, em breve teremos mais uma versão moderninha do principe da Dinamarca, dirigida por  Catherine Hardwicke, da série Crepúsculo. Dá até medo uma coisa dessas...

Dos filmes relacionados, temos o espetacular filme russo "O amor é tão forte quanto a morte" (1997) de Andrei Nekrasov onde um jornalista russo volta à patria onde o pai é ex comunista e politico corrupto. Lá ele encontra o assassinio de seu melhor amigo e sua namorada num hospicio. Mistério e desfechos inesperados mostram que as coisas não são o que parecem ser.

"Sonho de uma noite de inverno" (1995), também de Branagh, conta a história divertidissima de um diretor que decide montar Hamlet. Com vários atores esquisitos e tendo uma velha igreja como teatro, esta comédia reflete muito bem o dia a dia de uma companhia teatral.

"Guildenstern e Rosencrantz estão mortos" (1990), de Tom Stoppard,  com Tim Roth, Gary Oldman e Richard Dreyfuss,  é a adaptação da peça de Stoppard. Hilária, absurda, com interpretações de tirar o chapéu. Tinha o DVD mas emprestei e não devolveram - é por estas e outras que eu prefiro dar uma cópia do DVD a emprestar. Shakespeare bem dizia que quem empresta perde o empréstimo e o amigo. Devia tê-lo escutado antes!  

 Tenho assistido os  filmes citados  por anos seguidos. Aconselho a todos os apaixonados ou pesquisadores  que assistam  sem preconceitos e analisem cada trabalho. É legal observar como cada artistita enxerga a  obra de Shakespeare, um dos autores clássicos mais atuais de todos os tempos!


BREVE: HAMLET NO TEATRO.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

QUEM NOS RELATA SOBRE MELISSA HAMLET


Ele não tem nome.
Parece não se importar com apresentações.
Quando a luz do pequeno quarto acende, nos deparamos com uma parede cheia de quadros, como se fossem janelas penduradas no vazio  branco.
Em uma mesa, vários objetos pessoais de Melissa.
Ele aparece.
Olha a mesa.
Encara cada objeto como se fossem gotas de seu próprio sangue.
Vê a flauta.
Pega-a.
Toca uma melodia erudita, que se mistura  com um certo rock inglês.
Pára de tocar e te encara, dizendo um trecho do texto de Shakespeare:

"Você gostaria de tocar essa flauta? Por favor: eu estou pedindo.

Você não sabe?
Mas como não?
É tão fácil quanto mentir:
É só tampar estes buracos com as pontas dos dedos e soprar.
Você não sabe? Não consegue?
E que tipo de ser você acha que eu sou?
Querendo arrancar da minha alma as verdades mais graves e os segredos mais agudos?
Por Deus! Você realmente acha que é mais fácil tocar-me do que a uma flauta?
Por mais que tentes, nunca conseguirás tirar qualquer nota deste instrumento:
eu jamais tocarei minha música para ti!"


E, sem mais nem menos, prossegue, enquanto evita seus olhos,  sabendo-se  vitima do seu olhar:

"Eu sei o que você deseja. Eu sei o que você quer ouvir.
Mas pra quê você quer saber?
Você acha que ouvir falar sobre uma pessoa por alguns minutos vai te dar a compreensão total de sua existência?
Não vai.
Sinto muito, mas não vai.
Uma peça de teatro não pode definir uma vida.
Nem uma música, nem um livro, nem um filme.
A vida é um artigo indefinido. Mas não se preocupe: você não perdeu viagem."

Só então ele te olha novamente, ele te encara como se pudesse,
ao menos por um pouco mais que quarenta minutos,
lhe ofertar um pouco de verdade: 

"Eu preciso mesmo falar sobre Melissa. Eu preciso me sentir vivo!"

A luz se apaga  novamente.
Quando acender, você estará em uma viagem sem retorno pelas profundezas da alma de Melissa Hamlet. Agarre-se ao seu guia.
Sua saída deste universo pode depender dele!... 

domingo, 4 de julho de 2010

O CAMINHO MUSICAL DE MELISSA HAMLET

Ao montar um espetáculo, a trilha musical é essencial para mim.
No caso de Melissa, dois universo precisam conviver: a música paulistana e a música inglesa.
Paulistana porque a história se passa em São Paulo.
 Inglesa, evidentemente, por ser a terra de Shakespeare.

Aqui de nossa terra, figuras como Adoniran Barbosa e os Demônios da Garoa causam clima a observações gaiatas e profundas.  Ira!, Inocentes e 365 norteiam o espirito oitentista, profundamente influenciado  pelo rock inglês. E, falando em rock inglês da década de 80, na minha trilha pessoal (a  qual escuto enquanto escrevo) está incluindo Bauhaus, Smiths (Shakespeare's sisters, naturalmente!), New Order, Depeche Mode, The Cure e  a escocesa  Cocteau Twins (mas abri exceções  para Marianne Faithfull e Rolling Stones, que não podem faltar em festa nenhuma!!!) .

As canções fazem parte da trilha do espetáculo?
Não necessariamente, mas são essenciais para me transportar ao universo de Melissa Hamlet enquanto escrevo. Às vezes repito a mesma música várias vezes até acabar de escrever uma cena que ela inspira.  Em minha mente, a cena acontece, um video clip, um filme de cinema, uma chuva de imagens que pinga, goteja, cai furiosamente do som das notas, das vozes, das letras... e os sentimentos causados vão se tornando palavras, cenas, texto... Música. Teatro, enfim.

Meu trabalho sem música, não seria.
A música é a água que fazem as palavras brotarem!