sexta-feira, 30 de julho de 2010
A IMAGEM SONORA DE MELISSA HAMLET
30 07 10 - 04h52. Estou criando a trilha para o espetáculo neste momento.
A identificação sonora vem antes de tudo em minha mente e, quanto mais próxima do cinema, melhor. As pessoas estão tão acostumadas à trilha sonora do cinema que o som pode traduzir de imediato o signo lançado no ar através da imagem e do gesto. A trilha inclui também, de repente, o silêncio, a respiração, o pisar no chão, o baque seco, o grito inesperado, a fala atenuada. Trilha sonora = todos os sons do espetáculo.
O som natural é descoberto na leitura, nos ensaios. Um som vivo, visceral, sem a interferência mecânica.
O som mecânico eu escolho e edito aqui neste bom e velho computador. Uma benção.
Nos primórdios, eu criava utilizando fitas cassetes, sobrepondo músicas, interferindo na velocidade da canção, rodando o disco pra trás. Os resultados eram bons também, mas a tecnologia ajuda bastante e deixa tudo mais limpo e próximo do som imaginado.
Semana que vem gravarei as vozes dos personagens. Além de Anita Abrantes dando voz à Melissa, convidarei Marcio Leandro "Sabbath" e mais uma garota para fazer a voz de dois personagens. Alexandre D'Lou realizará a captação com seu equipamento e depois editarei conforme minhas necessidades.
Esta trilha sonora será bem diferente das demais. As nuances psicóticas da personagem transformadas em sons deverá ser algo bem interessante.
Bom, amigos, com licença. Preciso concentrar minha atenção.
NOTA:
A música "Heroes", do David Bowie foi uma das minhas escolhidas. No "Hamlet" moderno de Almeyreda, ele também utiliza a canção no thriller do filme. Eu ainda não sei como me apropriarei da mesma...
segunda-feira, 26 de julho de 2010
ROTEIRO CONCLUIDO, TRECHO DO MESMO E REFLEXÕES A PARTIR DE DALGALARRONDO
“Rigorosamente, todas estas noticias são desnecessárias para a compreensão da minha aventura; mas é um modo de ir dizendo alguma coisa, antes de entrar em matéria, para a qual não acho porta grande nem pequena; o melhor é afrouxar a rédea à pena, e ela que vá andando, até achar a entrada. Há de haver alguma; tudo depende das circunstancias, regras que tanto serve para o estilo como para a vida; palavra puxa palavra, uma idéia traz outra, e assim se faz um livro, um governo, uma revolução; alguns dizem mesmo que assim é que a natureza compôs as suas espécies.”
(Machado de Assis, Primas Sapucaia, Históriaas sem data, 1884)
Terminei de escrever Melissa. Na verdade, terminei dia 20. Hoje, digamos, foi a arte final. Iniciei em 14 de Abril. No meio do caminho, universidade, Drácula, aulas em escolas diversas, namoro, amigos, casa. Um inferno, a vida. Mas estou satisfeito com o resultado: sete páginas bem equilibradas, prontas para ganhar vida nos palcos. Agora sim começa do desafio. Ouço Cocteau Twins enquanto escrevo, preparando-me, na verdade, para criar a trilha sonora a partir da música pop inglesa dos anos 80, do rock nacional, de efeitos diversos e outras fontes sonoras incidentais.
A leitura do livro de Dalgalarrondo (Psicopatologia e Semiologia dos transtornos mentais). Em certa passagem do livro, ele cita:
“(...) merece uma palavra o uso que fiz, um tanto abusivo, de poemas, citações e trechos literários. O lugar estrategicamente fundamental da arte como fonte de conhecimento psicopatológico já foi vislumbrado e bem descrito por Freud:
‘Poetas e romancistas são nossos preciosos aliados, e seu testemunho deve ser altamente estimulado, pois eles conhecem muitas coisas entre o céu e a terra com que nossa sabedoria escolar não poderia ainda sonhar. Nossos mestres conhecem a psique porque se abeberam em fontes que nós, homens comuns, ainda não tornamos acessíveis à ciência” (O delírio e o sonho na Gradiva de Jensen, 1906)’
“Assim, aproprio-me da formulação freudiana, reconhecendo que o artista percebe antes e mais profundamente do que o cientista; este último organiza melhor, cria sistemas, hierarquias, enfim, ‘arma’ uma lógica para natureza. Mas é do grande artista o privilégio da percepção mais fina, mais profunda e contundente, daquilo que se passa no interior do homem, suas misérias e grandezas.” (pág. XIII)
Cito-o aqui por dois motivos. Primeiro, porque estou adorando o livro: escrito por um cara que é doutor em medicina pela universidade de Heidelberg, sua literatura é simples e acessível a todos os níveis mentais que se proponham a conhecer melhor o universo mental do ser humano. O segundo motivo é que meu dilema artístico encontra espelho na frase acima: o cientista organiza melhor e cria sistemas enquanto o artista tem a percepção apurada do ser. Ora, por que não termos domínio sobre os sistemas científicos associados à nossa percepção apurada? É isto que busco. Acredito que esta era a estrada de Stanislavsky que sigo há anos. Para mim, o ator tem algo de extraordinário, um espírito não apenas afinado, criativo e criador; mas também um faro apurado para investigações do corpo, da alma e da mente, seja no social ou no psicológico. Vários caminhos para se aprofundar na alma e interpretar uma vida. Requer paciência, compreensão e crescimento pessoal. Uma arte marcial honrada. Um kung Fu que deixa o mestre melhor conforme ele envelhece e aprende. Algo maior que a própria vida, interrompido apenas pela morte. A Arte, enfim.
Bom, é hora de dormir. Deixo a vocês a indicação ao livro de Dalgalarrondo, que é fantástico. E também deixo trecho do roteiro de Melissa, para que vocês possam dar os primeiros passos da criação artísticas do espetáculo comigo. Boa leitura a todos!
M E L I S S A H A M L E T : A Q U E S T Ã O S H A K E S P E A R E
“Hamlet” escrito por Shakespeare. Melissa Hamlet criado por Claudemir Santos.
CENA 01 – TOCANDO A FLAUTA
(BLACKOUT)
MELISSA (gravação com eco)
Pára, ilusão! Se tens o dom da voz, fala comigo! Se eu posso fazer algo que traga paz à sua alma e salvação para a minha, fala comigo! Se sabes de algum mal que desgraçará tua pátria e pode ser evitado, me fala! Se escondeu algum tesouro em vida e ele te tortura após a morte, me fala! (Um galo canta.) Pára e fala! Pára e fala!...
(Música. Luz. BELLOTO entra. Observa objetos na mesa. Pega a flauta e a toca).
BELLOTO
Você quer tocar essa flauta pra mim? Não sabes? Ah, por favor! É tão fácil quanto mentir: É só tampar estes buracos com as pontas dos dedos e soprar. Você não sabe? E o que você acha que eu sou, querendo arrancar da minha alma minhas verdades mais graves e meus segredos mais agudos? Achas que sou mais fácil de tocar do que a uma flauta?
Eu sei o que você deseja. Eu sei o que você quer ouvir. Mas pra quê você quer saber? Você acha que ouvir falar sobre uma pessoa por alguns minutos vai te dar a compreensão total de sua existência? Não vai. Sinto muito, mas não vai. Uma peça de teatro, uma música, um livro ou um filme não podem definir uma vida. Mas não se preocupe: você não perdeu viagem. Eu preciso mesmo falar sobre Melissa. Eu preciso me sentir vivo!
(BLACKOUT. Dois faróis acesos. Um carro na noite. Dialogo gravado).
BELLOTO
Radial Leste, sentido centro. Melissas dirige pensando na morte dentro da vida. Pensando em Shakespeare na sua carreira. Ela acende um Marlboro vermelho.
MELISSA Radial Leste, sentido centro. Melissas dirige pensando na morte dentro da vida. Pensando em Shakespeare na sua carreira. Ela acende um Marlboro vermelho.
Vivemos em tempos estranhos, Belloto.
BELLOTO
Ela diz.
MELISSA Mas isto não importa, querido. O que importa realmente é que eu passe no teste. E eu vou passar, sabe por que? Porque estou preparada, e estar preparada é tudo!
(O carro pára. BLACKOUT. Radio desligado. Portas do carro se fechando).
CENA 02 – A AUDIÇÃO
(Sons de pessoas conversando. Luz. Diretor entra).
DIRETOR
Bem vindos aos testes para Hamlet. Quem representar o rei será bem vindo; o cavaleiro usará sua espada; o amante não irá suspirar sem motivo; o fresco terá paz; o bobo fará rir; as mulheres terão suas falas e o verso não será mutilado. Comecemos.
quinta-feira, 22 de julho de 2010
EM BUSCA DA LOUCURA DE MELISSA
"Vosso nobre filho está louco.
Chamo-o de louco porque,
como definir a loucura real,
se não classificando alguém
como real / mente louco?"
(Polonio para Rei e Rainha. Cena 2. Ato 2)
Desde o inicio da criação do espetáculo, o mote central foi a loucura de Melissa: dedicar-se ao personagem ao ponto de perder a própria personalidade para sempre. Agora que o texto está criado, busco coerência cientifica para seu caso patológico.
Percebam que faço um caminho inverso aqui: primeiro eu criei o texto, deixei a imaginação trilhar os caminhos da loucura da personagem sem me preocupar com o certo ou o errado - afinal, na criação não há erro; não podemos criar com a autocritica nos punindo ou com a critica alheia limitando nossos vôos de criação. Agora, uma vez o texto criado, busco melhorar sua coerência e sua substância. Poderia também ter feito o caminho inverso, como muitas vezes já fiz: primeiro pesquisar para depois criar. Também é válido, por que não? Ou voar livre, apenas criar como também muito já fiz. O fato é que a criação não tem um caminho apenas, e precisamos tomar aquele que mais nos seduz no momento para que a Arte possa surgir.
Para classificar a loucura de Melissa, tenho tido conversas rápidas mas muito orientadoras com a psicóloga Sueli de Oliveira. À primeira vista, ela relacionou o histórico clinico da personagem com o falso self de Winnicott, sobre o qual iniciei uma pesquisa. Além de citar este pensador, ela também emprestou o livro "Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais", de Paulo Dalgalarrondo (Ed. Artmed, 2000) para que eu possa localizar sintomas e ajudá-la na triagem e histórico clinico de Melissa.
Uma coisa eu garanto: a loucura de Melissa deixará muita gente de boa aberta e alma trêmula: vocês nem imaginam onde a obsessão por um personagem pode levar uma garota...
Chamo-o de louco porque,
como definir a loucura real,
se não classificando alguém
como real / mente louco?"
(Polonio para Rei e Rainha. Cena 2. Ato 2)
Desde o inicio da criação do espetáculo, o mote central foi a loucura de Melissa: dedicar-se ao personagem ao ponto de perder a própria personalidade para sempre. Agora que o texto está criado, busco coerência cientifica para seu caso patológico.
Percebam que faço um caminho inverso aqui: primeiro eu criei o texto, deixei a imaginação trilhar os caminhos da loucura da personagem sem me preocupar com o certo ou o errado - afinal, na criação não há erro; não podemos criar com a autocritica nos punindo ou com a critica alheia limitando nossos vôos de criação. Agora, uma vez o texto criado, busco melhorar sua coerência e sua substância. Poderia também ter feito o caminho inverso, como muitas vezes já fiz: primeiro pesquisar para depois criar. Também é válido, por que não? Ou voar livre, apenas criar como também muito já fiz. O fato é que a criação não tem um caminho apenas, e precisamos tomar aquele que mais nos seduz no momento para que a Arte possa surgir.
Para classificar a loucura de Melissa, tenho tido conversas rápidas mas muito orientadoras com a psicóloga Sueli de Oliveira. À primeira vista, ela relacionou o histórico clinico da personagem com o falso self de Winnicott, sobre o qual iniciei uma pesquisa. Além de citar este pensador, ela também emprestou o livro "Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais", de Paulo Dalgalarrondo (Ed. Artmed, 2000) para que eu possa localizar sintomas e ajudá-la na triagem e histórico clinico de Melissa.
Uma coisa eu garanto: a loucura de Melissa deixará muita gente de boa aberta e alma trêmula: vocês nem imaginam onde a obsessão por um personagem pode levar uma garota...
segunda-feira, 19 de julho de 2010
MELISSA HAMLET FARÁ PARTE DOS CONTOS DE BELLOTO
O narrador de Melissa Hamlet será Neyson Belloto.
Belloto tem um arco de contos inusitados onde pessoas ordinárias vivem situações extraordinárias. Para quem não conhece o personagem, vale a pena visitar o blog e conhecê-lo. Para quem já o conhece, sabe que tipos de emoções e reviravoltas aguardam o público de Melissa Hamlet.
O texto já está concluido e a montagem inicia-se.
Aguardem noticias.
quarta-feira, 14 de julho de 2010
ALYNE GARROTI: ETERNA MUSA VISUAL
Conheci Alyne via internet.
Na verdade só nos conhecemos assim.
E por telefone.
Sou eternamente apaixonado por ela.
Quero casar com ela um dia.
Nesta vida, ainda. Então em outra, não importa.
Alyne chegou na minha vida graças a um interesse comum por literatura. Quando não, estava eu enviando meus contos para ela, enquanto ela me enviava os seus.
Trocamos telefone. Conversamos. E muito. Alyne sabe coisas da minha vida pessoal que amigos mais próximos não sabem. Orientou-me em casos amorosos. Pediu orientação. Me alegrou com sua risada gostosa e seus assuntos intrigantes e inteligentes. Ressuscitou Neyson Belloto inspirando a personagem Helena, em um arco fantástico do personagem. Alyne me inspira.
Sempre que penso cartazes, capas e afins, sua imagem feminina me vem à cabeça. Nessa imagem eu identifico uma beleza feminina incomum e um inteligência rara no olhar. Se Melissa Hamlet existisse, seria bela assim, sem dúvida, e tão inteligente quanto.
Alyne sentiu-se lisonjeada por criar a partir de suas imagens. Apesar da distância e do tempo, Alyne é uma amizade sempre presente em minha mente, com gosto de eternidade.
Te Amo, Alyne: um dia vou casar com você. Nesta vida. Ou em outra.
terça-feira, 13 de julho de 2010
ANITA ABRANTES SERÁ A VOZ DE MELISSA
Anita Abrantes será a voz de Melissa Hamlet. Ingressa no Alucinógeno Dramático em 2009, a participante do Processo Artistico Drácula teve um excelente desempenho como atriz em Drácula, interpretando Renfield e Quincey, ganhando elogios de vários espectadores - e artistas. Anita também assinará a operação técnica do espetáculo, além de ter algumas imagens cênicas baseadas em seu corpo.
HAMLET NO CINEMA
Há várias adaptações de Hamlet para o cinema, direta ou indiretamente.
Das diretas, tive contato com quatro.
A melhor delas, ao meu ver, é a de Kenneth Branagh (1996). As quatro horas de filme vemos emoções à flor da pele. Esqueça a declamação monótona e as cenas medievais. Este Hamlet está séculos à frente, em um palácio que, diante da entrada, tem a estátua do amado rei Hamlet. Soldados e Cortesãos de todas as cores e raças e nacionalidades; várias gerações artisticas: o método Stanislavsky e o shakesperiano no mesmo palco; atores fantásticos: Derek Jacobi, Gerard Depardieu, Robin Willians, Charlton Heston, Billie Crystal, Jack Lemmon, Kate Winslet e o próprio Branagh de Hamlet (após tê-lo interpretado 301 nos palcos teatrais).
Logo após, o famoso Hamlet de Laurence Olivier, de 1948. Um filme sombrio, com interpretações marcantes e um tanto teatrais. Li certa feita na revista SET que Branagh foi perguntar a Olivier como fazer Hamlet, ao que Olivier respondeu "leia o texto; está tudo lá." Verdade ou não, Branagh fez um Hamlet melhor que Olivier, mas não ofuscou nenhum pouco o brilho deste filme fantástico em preto e branco, com Jean Simmons, Basil Sydney, Eileen Herlie e, detalhe importante para um amante dos filmes da Hammer como eu, o lendário Peter Cushing como Osric.
O primeiro Hamlet que assisti não foi outro senão o de Zeffirelli (1990) com Mel Gibson, Gleen Close, Helena Bohan Carter, Ian Holm. Pra quem gosta de Zeffirelli e suas adaptações shakespeareanas, é um prato cheio. Eu não sou lá muito chegado - apesar que os extras são bem interessantes para quem se aventura por esta adaptação, seja nos palcos ou nas telas.
Mais recentemente - mas nem tão recentemente assim: ano 2000 - O diretor Michael Almereyda realizou um Hamlet moderno, estudante de cinema, que anda com uma câmera pra lá e pra cá na pele do Ethan Hawke. Apesar do elenco com nomes como Sam Shepard e Bill Murray, o filme é um tanto fraco ou atual demais. Com menos de duas horas e filmado praticamente dentro de um edificio - Corporação Dinamarca, que tem seu presidente Hamlet assassinado e seu irmão Claudio toma conta da empresa e a cunhada - o filme vale pela curiosidade da adaptação.
Todos os Hamlets foram lançados em VHS e DVD no Brasil, exceto o de Branagh, que saiu apenas em VHS - mas é evidente que ele está na rede para quem desejar tê-lo, baixá-lo e coisas assim. O que de certa forma é uma pena: adoraria ter contato com o making of desta maravilha de pelicula.
Agora, pasmem!!! Segundo o site de cinema Rapadura, em breve teremos mais uma versão moderninha do principe da Dinamarca, dirigida por Catherine Hardwicke, da série Crepúsculo. Dá até medo uma coisa dessas...
Dos filmes relacionados, temos o espetacular filme russo "O amor é tão forte quanto a morte" (1997) de Andrei Nekrasov onde um jornalista russo volta à patria onde o pai é ex comunista e politico corrupto. Lá ele encontra o assassinio de seu melhor amigo e sua namorada num hospicio. Mistério e desfechos inesperados mostram que as coisas não são o que parecem ser.
"Sonho de uma noite de inverno" (1995), também de Branagh, conta a história divertidissima de um diretor que decide montar Hamlet. Com vários atores esquisitos e tendo uma velha igreja como teatro, esta comédia reflete muito bem o dia a dia de uma companhia teatral.
"Guildenstern e Rosencrantz estão mortos" (1990), de Tom Stoppard, com Tim Roth, Gary Oldman e Richard Dreyfuss, é a adaptação da peça de Stoppard. Hilária, absurda, com interpretações de tirar o chapéu. Tinha o DVD mas emprestei e não devolveram - é por estas e outras que eu prefiro dar uma cópia do DVD a emprestar. Shakespeare bem dizia que quem empresta perde o empréstimo e o amigo. Devia tê-lo escutado antes!
Tenho assistido os filmes citados por anos seguidos. Aconselho a todos os apaixonados ou pesquisadores que assistam sem preconceitos e analisem cada trabalho. É legal observar como cada artistita enxerga a obra de Shakespeare, um dos autores clássicos mais atuais de todos os tempos!
BREVE: HAMLET NO TEATRO.
quarta-feira, 7 de julho de 2010
QUEM NOS RELATA SOBRE MELISSA HAMLET
Ele não tem nome.
Parece não se importar com apresentações.
Quando a luz do pequeno quarto acende, nos deparamos com uma parede cheia de quadros, como se fossem janelas penduradas no vazio branco.
Em uma mesa, vários objetos pessoais de Melissa.
Ele aparece.
Olha a mesa.
Encara cada objeto como se fossem gotas de seu próprio sangue.
Vê a flauta.
Pega-a.
Toca uma melodia erudita, que se mistura com um certo rock inglês.
Pára de tocar e te encara, dizendo um trecho do texto de Shakespeare:
"Você gostaria de tocar essa flauta? Por favor: eu estou pedindo.
Você não sabe?
Mas como não?
É tão fácil quanto mentir:
É só tampar estes buracos com as pontas dos dedos e soprar.
Você não sabe? Não consegue?
E que tipo de ser você acha que eu sou?
Querendo arrancar da minha alma as verdades mais graves e os segredos mais agudos?
Por Deus! Você realmente acha que é mais fácil tocar-me do que a uma flauta?
Por mais que tentes, nunca conseguirás tirar qualquer nota deste instrumento:
eu jamais tocarei minha música para ti!"
E, sem mais nem menos, prossegue, enquanto evita seus olhos, sabendo-se vitima do seu olhar:
"Eu sei o que você deseja. Eu sei o que você quer ouvir.
Mas pra quê você quer saber?
Você acha que ouvir falar sobre uma pessoa por alguns minutos vai te dar a compreensão total de sua existência?
Não vai.
Sinto muito, mas não vai.
Uma peça de teatro não pode definir uma vida.
Nem uma música, nem um livro, nem um filme.
A vida é um artigo indefinido. Mas não se preocupe: você não perdeu viagem."
Só então ele te olha novamente, ele te encara como se pudesse,
ao menos por um pouco mais que quarenta minutos,
lhe ofertar um pouco de verdade:
"Eu preciso mesmo falar sobre Melissa. Eu preciso me sentir vivo!"
A luz se apaga novamente.
Quando acender, você estará em uma viagem sem retorno pelas profundezas da alma de Melissa Hamlet. Agarre-se ao seu guia.
Sua saída deste universo pode depender dele!...
domingo, 4 de julho de 2010
O CAMINHO MUSICAL DE MELISSA HAMLET
Ao montar um espetáculo, a trilha musical é essencial para mim.
No caso de Melissa, dois universo precisam conviver: a música paulistana e a música inglesa.
Paulistana porque a história se passa em São Paulo.
Inglesa, evidentemente, por ser a terra de Shakespeare.
Aqui de nossa terra, figuras como Adoniran Barbosa e os Demônios da Garoa causam clima a observações gaiatas e profundas. Ira!, Inocentes e 365 norteiam o espirito oitentista, profundamente influenciado pelo rock inglês. E, falando em rock inglês da década de 80, na minha trilha pessoal (a qual escuto enquanto escrevo) está incluindo Bauhaus, Smiths (Shakespeare's sisters, naturalmente!), New Order, Depeche Mode, The Cure e a escocesa Cocteau Twins (mas abri exceções para Marianne Faithfull e Rolling Stones, que não podem faltar em festa nenhuma!!!) .
As canções fazem parte da trilha do espetáculo?
Não necessariamente, mas são essenciais para me transportar ao universo de Melissa Hamlet enquanto escrevo. Às vezes repito a mesma música várias vezes até acabar de escrever uma cena que ela inspira. Em minha mente, a cena acontece, um video clip, um filme de cinema, uma chuva de imagens que pinga, goteja, cai furiosamente do som das notas, das vozes, das letras... e os sentimentos causados vão se tornando palavras, cenas, texto... Música. Teatro, enfim.
Meu trabalho sem música, não seria.
A música é a água que fazem as palavras brotarem!
No caso de Melissa, dois universo precisam conviver: a música paulistana e a música inglesa.
Paulistana porque a história se passa em São Paulo.
Inglesa, evidentemente, por ser a terra de Shakespeare.
Aqui de nossa terra, figuras como Adoniran Barbosa e os Demônios da Garoa causam clima a observações gaiatas e profundas. Ira!, Inocentes e 365 norteiam o espirito oitentista, profundamente influenciado pelo rock inglês. E, falando em rock inglês da década de 80, na minha trilha pessoal (a qual escuto enquanto escrevo) está incluindo Bauhaus, Smiths (Shakespeare's sisters, naturalmente!), New Order, Depeche Mode, The Cure e a escocesa Cocteau Twins (mas abri exceções para Marianne Faithfull e Rolling Stones, que não podem faltar em festa nenhuma!!!) .
As canções fazem parte da trilha do espetáculo?
Não necessariamente, mas são essenciais para me transportar ao universo de Melissa Hamlet enquanto escrevo. Às vezes repito a mesma música várias vezes até acabar de escrever uma cena que ela inspira. Em minha mente, a cena acontece, um video clip, um filme de cinema, uma chuva de imagens que pinga, goteja, cai furiosamente do som das notas, das vozes, das letras... e os sentimentos causados vão se tornando palavras, cenas, texto... Música. Teatro, enfim.
Meu trabalho sem música, não seria.
A música é a água que fazem as palavras brotarem!
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